I
O avião afinal não levantou voo
As cinzas eram demasiado densas
E o choro da criança
Não mais se fez ouvir
O sorriso era demasiado bonito em suas crenças
Enquanto raiavam novas fontes de conversa
Por entre as brumas e penas da memória
De alguém, minha miga
Que jamais me abandonou
E surpresa assim … fiquei com tal mensagem
Londres não foi o destino final afinal
Meus braços procuraste
De minha companhia te encantaste
Desde o primeiro olhar
E foi recíproco - admito-o
Teu pensamento em mim se refugiou
E o meu em ti ficou
Para viveres o intenso instante
De olhares novamente
Para mim e saberes que
Sempre te surpreendo
Vejo-o no teu olhar e sorriso
Mesmo passado todo este tempo
I I
Um ano.
Mais.
Sim.
E antes?
Três anos.
Não demais.
Um princípio?
Claro.
Sem um fim.
III
E penso nesse preciso segundo
Pois em que sozinha
No local mais inimaginável
Eu li e senti.
Dou comigo a navegar
Nas nuvens de memórias
Que passam, mas não trespassam
E recuo o tempo e no tempo
Não intensamente longínquo
Onde teço as pegadas
E deixo aqui as palavras
De quando nossos passos
Se encontraram
Na encruzilhada
Da vida
Quer na entrada, quer na saída
Foi na virtude do meio
Que prendeste a minha admiração
O meu Inglês, Alemão ou Português
Pois nenhuma palavra ou letra sequer
Ousou sair da minha boca
Para te interromper
Pois tua voz soava mais alto
Num tom de voz baixo
Mas seguro
Numa personalidade firme
Mas com elegância
E ecoou em minha estância
IV
Não sei porque escrevo
Se provavelmente não irás ler
Mas apraz-me este Nirvana
Qual reino em que a escrita dança
Pois que me resta senão eu
E todos os Astros brilhantes
Deste planeta - todos nós.
E assim ouvirei a voz.